O olhar para a incidência da hepatite C dentro dos presídios passa pela menor quantidade de profissionais de saúde disponíveis para o atendimento dessas pessoas.3
Dados do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) mostram que 31% dos presídios brasileiros têm assistência médica interna. Em número de profissionais, existe 1 médico para cada 687 pessoas privadas de liberdade, contra 1 médico para cada 460 brasileiros.3
Diante dessa situação, é importante fazer um acompanhamento de perto come ssa população, realizando a testagem em massa e o tratamento da hepatite C. Essas são algumas das ações previstas pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário.4
O vírus da hepatite C (HCV) é transmitido quando o sangue da pessoa infectada chega à corrente sanguínea da pessoa não infectada. Dessa forma, a infecção pode acontecer nas seguintes situações:
inserção de piercings;
produção de tatuagens;
uso de drogas injetáveis;
uso compartilhado de escovas de dente e outros itens;
quando a mãe transmite para o bebê durante a gestação ou no parto (pode acontecer em presídios femininos);
relações sexuais sem preservativos (menos frequente).1,7
Estudos apontam que a maior parte dos casos de hepatite C são contraídos antes da pessoa ser privada de liberdade. Porém, sem uma orientação profissional, ela pode contaminar outras pessoas.7
Com essas informações, é possível perceber que existe risco de infecção da hepatite C em presídios. Assim, o conhecimento pode ser um grande aliado no combate à essa epidemia.7
Qualquer pessoa privada de liberdade tem o direito de realizar exames e seguir com o tratamento. Durante o processo de entrada, essas pessoas são orientadas sobre a doença e, se optarem, podem fazer o teste.5,6
Uma consideração importante é que as pessoas privadas de liberdade podem não dar a atenção necessária para o assunto no processo de triagem, considerando todas as outras circunstâncias do momento.6,7
Nesse sentido, é fundamental ter um cuidado especial com essas pessoas, e essa conscientização precisa partir tanto dos profissionais de saúde, quanto dos familiares. Acolher e orientar esse público sobre a importância da testagem e prevenção contra a hepatite C pode fazer toda a diferença na
redução do número de casos avançados da doença.6,7
Havendo suspeitas ou não, saiba que o teste é gratuito e as pessoas privadas de liberdade também têm direito de fazê-lo a qualquer momento. A testagem pode salvar vidas, pois o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura em até 95%.1
A hepatite C é uma doença silenciosa. Por isso, vamos compartilhar essa mensagem até que todos tenham conhecimento sobre o assunto.
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Hepatite C. Julho, 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/aids/pt-br/assuntos/hepatites-virais/hepatite-c> . Acesso em: 13 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. ABCDE das hepatites virais para agentes comunitários de saúde. 2020. Disponível em:<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abcde_hepatites_virais_agentes_comunitarios_saude_2ed.pdf> . Acesso em 08 nov. 2022.
FABRINI, Fábio; FERNANDES, Talita. 31% das unidades prisionais do país não oferecem assistência médica. Folha de S. Paulo. Março, 2020. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/31-das-unidades-prisionais-do-pais-nao-oferecem-assistencia-medica> . Acesso em: 13 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário – 2. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde. Disponível em:<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_nacional_saude_siste
ma_penitenciario_2ed.pdf>. Acesso em: 13 set. 2022.
Prefeitura de Porto Alegre. Capital é pioneira ao levar testagem e tratamento da hepatite C a presídios. Abril, 2022. Disponível em: <https://prefeitura.poa.br/sms/noticias/capital-e-pioneira-ao-levar-testagem-e-tratamento-da-hepatite-c-presidios> . Acesso em: 13 set. 2022.
QUEIROZ, Igor Thiago; COURAS, Sara; CABRAL, Diego. MICROELIMINAÇÃO DA HEPATITE C NA POPULAÇÃO Encarcerada: É REALMENTE POSSÍVEL? Setembro, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0004-2803.202100000-67> . Acesso em: 13 set. 2022.
BRUM, Ricardo Simões; et. al. Prevalência de hepatite C na população carcerária do centro prisional do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. UNIVERSIDADE FRANCISCANA. Disponível em: <https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/viewFile/1062/1006> . Acesso em: 13 set. 2022.