Considerada uma epidemia mundial, o Ministério da Saúde estimou, em 2016, que 657 mil brasileiros estavam infectados pelo vírus da hepatite C (HCV). No entanto, apenas cerca de 360 mil casos foram notificados entre os anos de 1999 e 2018, mostrando que a maior parte dos indivíduos infectados desconhece o diagnóstico.1-3
Pensando nisso, separamos as 5 principais dúvidas sobre a hepatite C para respondê-las neste artigo. Confira!
A hepatite C é uma doença viral causada pelo vírus da hepatite C. Este vírus leva a inflamação crônica das células do fígado e também pode afetar outros órgãos, como pele, vasos sanguíneos, rins, entre outros.1,3
Geralmente, a hepatite C só apresenta sintomas em suas fases mais avançadas, após anos de infecção, quando o indivíduo já apresenta complicações da doença, como cirrose ou câncer de fígado.1
A hepatite C aguda, na maior parte dos casos, apresenta sintomas inespecíficos, o que torna o diagnóstico difícil. No quadro agudo da doença, os sintomas mais frequentes são:
febre;
náusea;
vômitos;
mal-estar;
perda de apetite;
desconforto abdominal.1,2
Em algumas ocasiões, a hepatite C pode se manifestar com urina escurecida, fezes esbranquiçadas e olhos e pele amareladas.
Mais de 70% dos casos de hepatite C evoluem para a forma crônica da doença, de forma silenciosa, sem que o indivíduo perceba, e pode ficar assim por vários anos, até as formas mais avançadas da doença.1,2
As principais vias de transmissão do vírus da hepatite C (HCV) são:
contato com sangue contaminado;
transmissão vertical (quando a mãe transmite para o bebê durante a gestação ou no parto);
esterilização inadequada ou reutilização de materiais descartáveis (materiais médicos, odontológicos e estéticos);
uso compartilhado de materiais que podem ter contato com o sangue (agulhas, seringas, alicates, escovas de dente, entre outros);
relações sexuais sem preservativos (menos frequente).1-3
É importante frisar que a hepatite C não é transmitida pelo leite materno ou pelo contato casual, como abraçar, beijar e compartilhar alimentos ou bebidas.3
A hepatite C é tratada com antivirais de ação direta (DAA), disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os esquemas de tratamento disponíveis no Brasil apresentam eficácia e segurança, com taxas de cura de mais de 95%, na maior parte dos casos.1,3
As chances de a infecção evoluir para cirrose ou câncer no fígado são menores quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, já que, com os novos tratamentos, é possível curar esta doença na maior parte dos casos, evitando sua progressão.1
Atualmente, graças à evolução do tratamento, pacientes sem complicações podem ser tratados por profissionais da Atenção Primária à Saúde, sem a necessidade de consulta em rede especializada.1,2
Ainda não existem vacinas para a hepatite C e isso reforça a necessidade de um controle adequado da cadeia de transmissão. Isso envolve alguns cuidados, como:
exigir materiais esterilizados ou descartáveis durante procedimentos médicos, odontológicos ou estéticos que envolvam perfuração;
evitar contato com sangue ou outros fluidos contaminados;
realizar exames para detectar hepatites durante o pré-natal;
não compartilhar qualquer objeto exposto ao sangue (agulhas, seringas, alicates, escova de dentes, aparelhos de barbear, entre outros);
utilizar preservativo em todas as relações sexuais.1,3
Além disso, a testagem rápida da população prioritária é essencial para combater o vírus, tornando possíveis o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, evitando que a doença seja descoberta apenas em fase avançada.1-3
Podemos considerar como integrantes deste grupo os seguintes indivíduos:
diabéticos;
hipertensos;
transplantados;
profissionais do sexo;
privados de liberdade;
profissionais da saúde;
indivíduos em situação de rua;
portadores de outras hepatites;
pacientes que fazem hemodiálise;
filhos de mães infectadas pelo HCV;
pessoas que vivem com HIV (PVHIV);
pessoas que consomem álcool e/ou drogas;
pessoas com idade superior ou igual a 40 anos;
pessoas com histórico de patologia hepática sem diagnóstico;
vítimas de acidentes perfurocortantes em ambiente hospitalar;
profissionais de resgate (bombeiros, paramédicos, policiais etc);
pessoas com antecedentes de doenças renais ou de imunodepressão;
receptores de sangue ou outros hemoderivados realizados antes de 1993.1
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Referências:
BVSMS. ABCDE das hepatites virais para agentes comunitários de saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abcde_hepatites_virais_agentes_comunitarios_saude_2ed.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2022.
Ministério da Saúde. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para hepatite C e coinfecções. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-hepatite-c-e-coinfeccoes>. Acesso em: 19 mai. 2022.
Ministério da Saúde. Hepatite C. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/hv/o-que-sao-hepatites/hepatite-c>. Acesso em: 19 mai. 2022.