A hepatite C é uma doença viral que afeta principalmente o fígado e pode causar danos a longo prazo. Embora seja mais comum em adultos, a hepatite C também pode ocorrer em crianças. Felizmente, a maioria das crianças com hepatite C aguda não apresenta sintomas, mas a falta de sinais pode tornar o diagnóstico desafiador.1
É importante que os pais e profissionais de saúde estejam cientes dos fatores de risco, dos sintomas e das opções de tratamento para garantir qualidade de vida para as crianças afetadas pela hepatite C.1
Embora a transmissão da hepatite C ocorra, principalmente, por meio do contato com sangue infectado, as crianças também podem contrair a infecção durante a gravidez ou no parto. Já a transmissão por meio da amamentação é rara quando comparada à hepatite B, por exemplo.1
Por isso, a detecção precoce e o tratamento eficaz são essenciais para prevenir danos hepáticos (no fígado) a longo prazo.1
A taxa de transmissão de mãe para filho da infecção pelo HCV é de aproximadamente 5%, embora as taxas sejam mais altas entre mulheres com coinfecção inadequadamente controlada pelo HIV e mulheres com alta carga viral da hepatite C (HCV) no organismo. Por isso, recomenda-se identificar, acompanhar e tratar as crianças possivelmente expostas.1
Todas as crianças nascidas de mulheres infectadas pelo HCV devem ser testadas para infecção. A testagem infantil é recomendada a partir dos 18 meses. Testes repetitivos para detecção do vírus antes dessa idade não são recomendados.1
Após os 18 meses, as crianças com diagnóstico positivo devem ser testadas, posteriormente, aos 3 anos para confirmar a infecção crônica por hepatite C.1
Os irmãos de crianças com HCV crônica adquirida verticalmente (transmissão de mãe para filho) devem ser testados para infecção, se nascidos da mesma mãe.1
Após o diagnóstico, a conduta para o tratamento será validada pelo médico responsável para definição medicamentosa.1
O tratamento da hepatite C em crianças depende de vários fatores, como a idade da criança, o estágio da doença e a presença de outras condições médicas. O objetivo principal do tratamento é eliminar o vírus da hepatite C (HCV) do corpo, prevenir danos hepáticos e melhorar a qualidade de vida da criança.1
Para crianças menores de 12 anos, a decisão de iniciar a terapia deverá ser individualizada. Os casos devem ser referenciados para centros com experiência no tratamento de hepatite C.²
Os pais e cuidadores também devem ser incentivados a se envolverem no tratamento da criança, garantindo que ela tome os medicamentos prescritos e compareça às consultas médicas regulares.1
Todas as pessoas com infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) podem receber o tratamento pelo SUS. O médico, tanto da rede pública quanto suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. Pacientes em fase inicial da infecção podem ser tratados nas unidades básicas de saúde, sem a necessidade de consulta na rede especializada para dar início ao tratamento.³
Considerando a incidência da transmissão vertical, o parto cesáreo tem o mesmo risco de transmissão do parto vaginal. Portanto, não se deve indicar a cesárea eletiva, uma vez que ainda não há dados confirmatórios dessa prática como eficaz para prevenir a transmissão do vírus ao recém-nascido.
Os fatores que podem influenciar o risco de transmissão vertical do HCV consideram a alta carga viral das gestantes, bem como a coinfecção por HIV.³
Também, não há evidências que justifiquem a recomendação para se evitarem a gravidez e a amamentação nas mulheres com infecção da hepatite C.2
Embora o vírus tenha sido detectado no leite humano, não há casos documentados de infecção por esta via e, portanto, não há contraindicações. A decisão sobre a amamentação deve ser individualizada numa discussão informativa entre o profissional de saúde e a mãe.2
A hepatite C em crianças é uma infecção preocupante que pode ter consequências graves a longo prazo se não for tratada adequadamente. Portanto, é essencial que a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado sejam priorizados para garantir o bem-estar das crianças afetadas pela hepatite C.2
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Referências:
American Association For The Study Of Liver Diseases. HCV in Children. Disponível em: <https://www.hcvguidelines.org/unique-populations/children>. Acesso em: 28 mar. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. Departamento de Doenças e Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Disponível em: <http://antigo.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-hepatite-c-e-coinfeccoes>. Acesso em: 26 jun. 2023.
FERREIRA, Alexandre Rodrigues et al. Hepatites Virais A, B e C em crianças e adolescentes. Rev Med Minas Gerais, v. 24, n. Supl 2, p. S46-S60, 2014. Disponível em: <https://rmmg.org/artigo/detalhes/623>. Acesso em: 28 mar. 2023.